Resenha- Admirável Mundo Novo

Ana Beatriz
6 de jan. de 2016
3 min de leitura

Autor: Aldous Huxley

Editora: Biblioteca Azul

Páginas: 306

Ler Admirável Mundo Novo foi uma experiência incrível, já sabia que a história seria sensacional, mas não pensava que me surpreenderia tanto com a atualidade da obra.

O livro nos apresenta a uma sociedade futurista, mais precisamente o ano 634 d.F (depois de Ford- o pai da produção em série), que corresponderia ao ano 2540 d. C.

Nessa sociedade, a produção de seres humanos agora é em série, criados em laboratório, na maioria das vezes através do Processo Bokanovsky, onde geneticamente apenas um óvulo poderia gerar 96 gêmeos. O conceito de pai, mãe e família ficaram para trás. Desde a ‘criação’ desse ser “humano”, ele é manipulado biologicamente e condicionado a fazer os trabalhos de sua casta (Alfa:Classe mais alta (TOPO), Beta, Gama, Delta e Ípsilon :Classe mais baixa (BASE)) além de, através do sono, serem condicionados a repetir centenas de vezes uma mesma frase, para que esta fique gravada no subconsciente e acabe por tornar-se uma verdade (método usado constantemente para afirmar quão bonito era o Estado e suas leis).

Quando crianças, também são condicionados através de choques elétricos a odiar os livros, para evitar futuros questionamentos que desestabilizem o Estado e a sociedade.

A sociedade é totalmente imediatista: castidade, amor, família e religião são completamente abominados, o lema da sociedade é que todos são de todos e as relações incentivadas são aquelas imediatas, que duram apenas uma noite.

É em meio a esse cenário que surge nosso protagonista, Bernard Marx, um alfa que é um pouco mais baixo do que os outros de sua casta. Ele parece ser o único que se questiona sobre a sociedade em que vive e que está insatisfeito com a mesma.

Para não me alongar, ele conhece Malpaís, um lugar onde vivem os selvagens (um povo a parte da sociedade que possui costumes muito peculiares, como constituir família e rezar para deuses), e a partir daí toda a história de fato começa. E acreditem, muita coisa vai acontecer.

O livro traça o contraste ente o "moderno" e o "atrasado", mostrando como os dois não conseguem se misturar por completo e fazendo críticas ao desenvolvimento exagerado da ciência, que, para o autor, traria mais malefícios de ordem social do que benefícios em geral para a sociedade.

Outra coisa que me fez pensar bastante é a respeito do conceito de felicidade. No livro, absolutamente TODAS as pessoas eram felizes, pois desde o início de sua vida eram condicionadas a gostar da vida que levam as pessoas de sua casta. E caso surgisse algum tipo de tristeza, melancolia ou insatisfação, bastava tomar uma dose de Soma (droga oferecida gratuitamente pelo governo para deixar todos felizes e de bem com a vida). Ou seja, essa sociedade é positiva ou negativa? Pois o governo é sim totalitário e as pessoas estão sendo manipuladas, a ilusão de felicidade é falsa, mas ainda assim elas pensam ser felizes. Quantas pessoas no mundo de hoje não dariam tudo para se sentirem felizes, mesmo sendo apenas uma ilusão?

Esse questionamento me lembrou um pouco Matrix, a vida que as pessoas levavam era apenas uma ilusão, mas ser iludido, nesse caso, era melhor do que encarar a dura realidade.

Ou seja, o Estado não precisava recorrer a violência para obter poder, porque não havia rebelião, todos estavam satisfeitos e felizes.

Gostaria de apresentar a vocês todas as reflexões e questionamentos que o livro me proporcionou, mas esssa resenha ficaria extensa demais. Leiam o livro, é muito bem escrito, a sociedade é muito bem construída, as reviravoltas são incríveis e as muitas críticas presentes na obra são de cair o queixo e fazer o leitor realmente pensar. A experiência é única. Leiam Admirável Mundo Novo.